A Infância
Tudo começou a 4 de abril de 1884, num pequeno povoado de São Lourenço de Fossano, norte da Itália. Ouviu-se o choro de criança recém-nascida, na casa do casal: Miguel Alberione e Teresa Rosa Alloco. Nascia o quinto filho – Tiago, que veio ao mundo, frágil, franzino e fraco.
A primeira impressão causada aos pais é que não sobreviveria. Por isso foi batizado às pressas. A família profundamente cristã, tradicionalmente religiosa, possibilitou que Tiago crescesse num ambiente de fé, onde ele encontrou os valores básicos que orientaram sua vida: fé em Deus, respeito, amor ao trabalho e as pessoas, senso de responsabilidade, união. Sua mãe que sempre lhe deu bons exemplos, a primeira a falar-lhe de Deus e a ter grande amor a Nossa Senhora, devoção que ele cultivou até o fim de sua vida; nada fazia sem antes rezar e meditar o terço: sem este sentia-se incapaz de tudo.
Em novembro de 1886, buscando melhores terras para a lavoura, sua família mudou-se para a cidade de Cherasco, onde viveria mais próximo dos parentes e poderia conseguir melhores condições de vida. Tiago era uma criança como as outras: brincava, ia a escola.
O amor aos estudos, a conduta de vida irrepreensível e a piedade autêntica impressionaram seus professores e o pároco da comunidade, Pe. Montersino. Por esses sinais de adesão à vontade de Deus, foi possível a Tiago ser admitido à Primeira Comunhão com a idade de 8 anos e meio, algo raro naquele tempo.
Seus irmãos, logo nos primeiros anos de estudos, tiveram de abandonar os bancos escolares para ajudar o pai nos trabalhos agrícolas. Tiago, entretanto, persistia em freqüentar a escola e nutrir o desejo de ingressar no seminário.
A Adolescência
Seguindo o conselho de seu pároco, e com certo sacrifício por parte de sua família, ele foi aceito no Seminário Menor de Bra. Aí o jovem viveu um tempo de serenidade, de muito estudo, de leituras, de orações e de incentivo da parte de seus superiores.
Tiago não era dotado de inteligência grandiosa, mas sabia se aplicar com exemplar seriedade às regras do seminário. Não era dado aos esportes; em seus recreios, preferia rever os apontamentos das aulas e mesmo se aproximar dos adultos, para com eles conversar e debater assuntos que tocassem ao âmbito da Igreja e da sociedade.
A vida caminhava normalmente, até que, em 7 de abril de 1900, veio a notícia da demissão do Seminário. Não se conhecem bem os motivos que levaram seus superiores a tomar tal decisão, mas imagina-se tenha sido devido à leituras inadequadas a sua condição de seminarista.
O certo é que Tiago retornou para a casa de sua família e pode aí fazer uma revisão de sua vida e vocação. Jamais pensou em desistir de sua caminhada rumo ao sacerdócio. Preferiu, sim, confiar-se à providência divina e esperar que a mão de Deus agisse. E ela agiu…
Em meados de 1900, o pároco João Montersino levou Alberione para o seminário de Alba, diocese vizinha de Bra. O reitor Vitor Danusso o aceitou. A família de Tiago enfrentava sérias dificuldades, tanto de saúde quanto financeiras, o que parecia tornar impossível a permanência dele no seminário. Entretanto, seu tio, também chamado Tiago, que há muito tempo rompera relações com a família, reconciliou-se e assumiu as despesas dos estudos do sobrinho. Esta dura experiência de ser demitido do seminário de Bra, intensificou em Alberione a vida de autêntico aspirante ao sacerdócio, agora em Alba.
Nesta época, diante das dificuldades vividas pelo mundo, o Papa Leão XIII recomendou que todas as igrejas e capelas fizessem uma adoração eucarística na passagem do século XIX para o XX. Foi concedida aos seminaristas autorização para participarem da adoração na Catedral de Alba, no dia 31 de dezembro de 1900. Alberione, então no primeiro ano de filosofia, se deteve numa longa oração de quatro horas. Este momento marcou sua vida e iluminou toda a sua missão. Ele mesmo descreveu esta forte experiência:
“Uma luz particular veio da Hóstia: uma compreensão maior do convite de Jesus: “Venham todos a mim…” Pareceu-lhe compreender o coração do grande Papa Leão XIII, os convites da Igreja, a verdadeira missão do Sacerdote. Sentiu-se profundamente obrigado a preparar-se para fazer alguma coisa pelo Senhor e pelos homens do novo século, com os quais deveria viver. Teve então um sentimento muito claro de sua própria nulidade, e ao mesmo tempo ouviu: ” Eu estou com vocês… até à consumação dos séculos””.
E um pensamento martelava o seminarista:
“Que o século nascesse em Jesus-Eucaristia. Que novos apóstolos restaurassem as leis, a escola, a literatura, a imprensa, os costumes. Que a Igreja tivesse novo impulso missionário. Que os novos meios de evangelização fossem bem utilizados. Que a sociedade acolhesse os grandes ensinamentos das encíclicas de Leão XIII, especialmente aquelas que se referiam às questões sociais e à liberdade da Igreja”.
A Juventude
Aos 29 de junho de 1907, aos 27 anos, Festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Alberione foi ordenado sacerdote, na Catedral de Alba.
A prostração aos pés do altar, gesto de profundo reconhecimento da própria insignificância, a imposição das mãos do presbitério: bispo e padres; a unção das própria mãos; o receber as vestes sacerdotais e o cálice; a promessa de serviço ao povo, “aos homens com os quais deveria viver”.
Tudo nessa hora marcou em Alberione o passo decisivo para a realização de algo que há tempos ele via de longe e que aos poucos ia tornando mais claro: uma celebração litúrgica que fosse mais comunicativa, o anúncio da Palavra de Deus através dos meios modernos, uma atividade pastoral mais intensa e eficaz.
Ressoava na ordenação sacerdotal a mensagem do Cristo: “Eu vim para servir. Vocês me chamam de Mestre: eu sou. Eu chamo vocês de amigos, porque lhes revelo tudo que o Pai me manifestou. Façam como eu fiz. Eu vim para que todos tenham vida. Porque eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Período das Fundações
O entusiasmo pela vida de padre acendeu em Alberione, ainda mais intenso, o anseio de divulgar a Palavra de Deus. A sua preocupação era acompanhar o progresso. Já eram decorridos alguns anos do novo século. E surgiram novas necessidades.
A imprensa era então o veículo poderoso de comunicação social, as artes gráficas se aprimoravam. E Alberione pensava: por que não utilizar esses meios para uma evangelização mais eficaz? Apontavam-se novos caminhos para a propagação do pensamento cristão.
Para responder a estes apelos, Alberione foi direcionando sua vida: mesmo com todas as dificuldades próprias da época, começaram a surgir as primeiras fundações.
A Família Paulina começou a tomar corpo, primeiro com os meios de comunicação social (Paulinos e Paulinas), depois com a animação litúrgica (discípulas do Divino Mestre), em seguida com a animação pastoral mais eficaz (Pastorinhas), bem como com a animação vocacional (Apostolinas) – última congregação religiosa a ser fundada por Alberione.
Não esquecendo ainda dos Institutos Seculares, com características muito próprias e a União dos Cooperadores Paulinos.