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Era outubro de 1983…

Quantas História bonitas no nosso Bebedouro, deve-se as pastorinhas

Era outubro de 1983…

Manhã ensolarada, o sol brilhava nos céus de nossa Alagoas e iluminava o nosso Bairro e Paróquia de Bebedouro, à terrinha de Santo Antônio.

O Aeroporto Campo dos Palmares estava em festa, assim como estava o nosso coração.  Eu, menino de calças curtas, lá estava para receber as irmãs pastorinhas – Filhas do Beato Tiago Alberione.

Foi a pedido do Pároco – cônego Fernando Iório e do arcebispo dom Miguel Fenelon, que as Irmãs Pastorinhas vieram plantar a semente da Fé em Bebedouro, porque não dizer: em terras Alagoanas. As Irmãs: Augusta Ramos, Luiza Santos e Ana Maria, foram recepcionadas, entre cantos alegres e calorosos aplausos, pelos fiéis.

Em carreata, elas foram conduzidas à sua nova residência, situada ao lado da Igreja Matriz, à praça coronel Lucena Maranhão.

Domingo, dia 09 de outubro de 1983, em Missa presidida pelo arcebispo dom Miguel Fenelon Câmara e concelebrada pelos cônegos Fernando Iório e Celso Alípio, às Irmãs Pastorinhas foram empossadas para a pastoral da paróquia de Bebedouro.

Com a chegada das Irmãs, a paróquia ganha novo vigor pastoral, sobretudo: Juventude, Cebs, animação das comunidades, Catequese renovada, pastoral familiar, pastoral dos pescadores…

Dom Fernando Iório, no seu livro: Pequenas Histórias, grandes lições, nos apresenta a os três desejos.

Conta-nos ele: No alto da montanha encontravam-se três pequenas árvores, sonhando o que seriam depois de grandes.  Contemplando as estrelas, disse a primeira: “eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheios de tesouros. A segunda olhou para o riacho cristalino e suspirou: “Quero ser um grande navio para transportar reis e rainha. A terceira, ao divisar o vale imenso, declarou: “Quero ficar aqui mesmo, no alto da montanha, e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus”.

Passaram-se muitos anos até que, certo dia, apareceram os lenhadores e cortaram as três.  A primeira árvore acabou transformada num coxo de animais, coberto de feno. A segunda foi usada num simples e pequeno barco de pesca, transportando pessoas e peixes, todos os dias. A terceira, mesmo sonhando em fixar-se no alto, viu-se cortada em grossas vigas e colocadas no depósito. Desiludidas e tristonhas, comentavam as três, para si mesmas: “Para que tanto sonho?”

Mas, certa noite, em meios a luzes e estrelas, ao salmodiar angélico, uma jovem mulher colocava seu recém-nascido naquele coxo de animais. A primeira árvore descobriu que possuía o maior tesouro do mundo.

 A segunda, anos mais tarde, transportava um homem que, diante da fúria do mar de Tiberíades, alçou as mãos e acalmou a tempestade. Entendeu a árvore, tornada barco, que estava transportando o Rei do céu e da terra.

Tempos depois, numa sexta-feira, espantou-se a terceira árvore quando suas vigas foram unidas em forma de cruz, sendo nela um homem pregado. De imediato, sentiu-se terrível e cruel. Mas, no domingo, vibrava o mundo de júbilo e de hosanas, uma vez que aquele homem havia ressuscitado. Compreendeu a terceira árvore que nela havia sido pregado aquele que salvara a humanidade. Com certeza, dali por diante todos iriam lembrar-se de Deus, de seu Filho Jesus Cristo, ao olharem para ela. Sim, tinham as árvores sonhado. Mas suas realizações tinham superado o que haviam imaginado”.

Gratidão às Pastorinhas, de modo especial, as três pioneiras.  Como as três árvores, também durante a caminhada ficaram frustradas, sentiram-se cansadas. Mas, no contato com as realidades do povo de Bebedouro foram se sentindo úteis, mulheres consagradas e realizadas. Quantas História bonitas no nosso Bebedouro, deve-se as pastorinhas. Lembro, a construção do conjunto Nossa Senhora do Amparo, no conjunto Bruno Ferrari – Chã de Bebedouro, obras das caritas que teve o trabalho de Ir. Béte.    A animação das comunidades:  Alto do Zeca, Mutange, Porto das Pedras, Arranha-Céu: Irmãs: Fátima Piai, Eugênia, Inês Creusa, Luiza Santos, Augusta.

Em 1985, o pároco de Bebedouro é eleito bispo, a paróquia fica vacante e as irmãs tiveram um papel importante na transição da paróquia, até que com a posse de dom Edvaldo como arcebispo, Ir. Luiza Santo é nomeada “vigária” com poderes administrativos e com faculdades de exercer o ministério extraordinário da Comunhão Eucarística e assistir aos matrimônios.

Com a chegada do padre José Trombotto, a convivência tornou-se mais próxima, mais participativa. Um trabalho verdadeiramente sinodal, onde a presenças das irmãs foi mais valorizada. As Irmãs mudam-se para Chã de Jaqueira, mas, continuam sempre presentes nas comunidades de Bebedouro e nos encontros de formação. Eu, já adolescente, estreitei os laços com as irmãs e com Irmã Leticia Lopes fui as várias comunidades de Chã da Jaqueira: Monte Alegre, João Sampaio – ainda nascente, Jardim Glória.

Um agradecimento às Irmãs que residiram no Bebedouro: Luiza Santos, Ana Maria, Augusta Ramos, Eugênia Pedrosa, Inês Creusa, Fátima Piai. As irmãs que trabalharam na paróquia de Bebedouro, com a transferência da residência para Chã da Jaqueira; Luiza Santos, Eugênia Pedrosa, Inês Creusa, Fátima Piai, Elisabéte Martins, Leticia Lopes, Daniela Vasconcelos, Amélzia Soledade, Bertila Picelli ( alguns meses) Augusta Ramos.

Com a divisão da paróquia, foi natural o afastamento do convívio, mas algumas vezes visitava a casa das Irmãs. Até que em 2019, o convívio voltou a ser mais próximo, a convivência me fez recordar minha infância com as visitas que fazia à casa do Bebedouro. Gratidão as Irmãs Maria Luiza, Célia Maria e Lazara Camargo.

Obrigado irmãs pastorinhas por sonharem conosco e fazer realidade entre nós esse sonho: De um Igreja libertadora, comprometida com a luta do povo. Obrigado, pro nos ensinar a Amar o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. No final das contas, “o essencial é invisível aos nossos olhos”, no dizer de Exupéry.

Neste momento é tempo de contemplar o invisível aos nossos olhos da caminhada das Irmãs: caminhos batidos e estradas asfaltadas… sustentaram os seus combates. Os mares singrados pelo barco de suas vidas, as alamedas cobertas de ramos verdes que vos falam de esperança, como os fortes pilares que sustentaram os combates de suas caminhadas. O Senhor as ajudou até aqui, ainda não é fim. É o início de uma vida nova, fruto do sempre persistir, do constante navegar: Partir da vida no tempo para a eternidade sem tempo.

Com efeito, se o Senhor as ajudou até aqui, as ajudará nessa e noutras missões que as pastorinhas assumirão. Obrigado, obrigado e obrigado!

Gratidão minhas queridas, amadas e irmãs pastorinhas. Devo o despertar de minha vocação a todas vocês.

“Toda gente que sai de Alagoas, coração deixa em Maceió”.

Partam ficando e fiquem partindo…!

 

Vosso Irmão,

Elias Oliveira Ferreira da Silva

Paróquia de Santo Antônio de Bebedouro.

Comunidade do Saem

Irmã Lusineide Cardoso de Melo, sjbp

Membro da equipe de comunicação da Província Pe. Tiago Alberione, com sede em São Paulo-SP.

1 comentário em “Era outubro de 1983…”

  1. Gratidão ao nosso amigo Elias que sabe valorizar as Irmãs Pastorinhas. Sempre presente em nossas vidas. Soube ler, fazer uma leitura sapiencial de nossa chegada pois viu o movimento festivo e presenciou a vida doada de cada uma. Deus vos salve Deus. Deixar a Chã da Jaqueira foi difícil, porém necessário para irmos à lugares mais necessitados, avançar em águas mais profundas. Gratidão ao Padre Walfran que celebrou uma missa maravilhosa fazendo memória de nossas inserção em Bebedouro. Foi sem dúvida um momento de promoção vocacional onde eu e Lázara revelamos nosso Carisma Pastoral ajudando as comunidades a trabalharem conosco pelas vocações.

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