CONCÍLIO E TRABALHO EM COMUNHÃO
Como a pastorinha atua junto aos pastores e leigos no trabalho de comunhão,
participação e reciprocidade?
O Espirito Santo age com sua força transformadora no interior do ser humano, trabalhando nas suas entranhas, ora criando conflitos diante das resistências, em outros momentos acalentando como uma mãe acalenta um filho: protegendo, incentivando, encorajando, provocando mudanças radicais no modo de pensar, no agir, nos sentimentos; assim aconteceu com o Concilio Vaticano II. Conciliares convocados para olhar o mundo com um olhar diferente: Olhar de Jesus, que revela o Pai agindo na história, com os pés no chão. Hoje, mais do que nunca somos convocados a este olhar, contextualizar o momento histórico da Igreja presente nas diversas realidades complexas que o mundo vive, provocando em nós uma “conversão pessoal e pastoral”.
Primeiro olhar: “Igreja povo de Deus”
“Para apascentar sempre o povo de Deus, Cristo Senhor instituiu na Sua Igreja uma variedade de ministérios que tendem ao bem de todo o Corpo. Pois os ministros que são revestidos do sagrado poder, servem a seus irmãos para que todos os que formam o Povo de Deus e, portanto gozam da verdadeira dignidade cristã, aspirando livre e ordenadamente ao mesmo fim, cheguem à salvação” (LG44).
Provoca em nós uma releitura no compromisso com a Igreja povo de Deus, onde cada pessoa na sua missão especifica é convocada a responder conforme os dons recebidos de Deus. Nós, consagradas, temos uma missão grandiosa em suscitar neste povo vocacionado do Pai a descobrir, acompanhar e assumir sua vocação em vista de um mundo que enobrece o ser humano em sintonia com as orientações da Igreja novamente com o “Olhar fixo no Senhor”.
O Beato Pe. Alberione diz com insistência sobre os dois amores da Pastorinha: “Jesus Bom Pastor e o Povo”. É um amor comprometido com todas as situações que nosso povo enfrenta hoje. O ser humano está desumanizado, sofrendo violência de todas as espécies, distanciando do essencial, se desviando do caminho indicado por Jesus. Eis a missão profética das Irmãs Pastorinhas. Não podemos estar fora desta convocação: Irmãs que testemunhem com sua presença profética onde a vida digna é negada a homens e mulheres de todas as idades.
Surge uma segunda provocação: mudança no relacionamento Igreja/mundo
Os Pastores sabem que não foram instituídos por Cristo a fim de assumirem sozinhos toda a missão salvífica da Igreja e do mundo. É apascentar de tal forma os fiéis e reconhecer suas atribuições e carismas, que todos, a seu modo, cooperem na sua obra. É preciso que todos, “seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo, chegando-nos àquele que é nossa cabeça, Cristo” LG 75.
A Igreja, (bispos, padres, religiosas, leigos) é convocada a olhar para si mesma e rever suas atitudes em relação ao Povo de Deus. Começa a perceber que a evangelização se dá num mundo concreto e é gritante o olhar para a realidade, levando em conta as diversidades de cultura, crenças, povos, etc.
Nossa missão pastoral hoje no mundo é desafiante devido a tantas informações que o nosso povo recebe. Pe. Alberione insiste que a Pastorinha deve estar bem preparada para corresponder com profundidade à própria vocação. Sair de nós mesmas, mergulhar no mundo sem perder de vista a proposta fundamental do estilo de vida consagrada através dos conselhos evangélico: pobreza, castidade e obediência . Tendo “Olhar fixo no Senhor Jesus”, aprendendo com Ele, testemunhando seu amor com simplicidade e muito amor.
“Pelo batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no povo de Deus e a seu modo partícipes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão na igreja e no mundo”. LG 76
Terceiro aspecto importante: um novo jeito de celebrar
“A Liturgia é o cume no qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda sua força. Pois os trabalhos apostólicos se ordenam a isso: que todos, feitos pela fé e pelo batismo, juntos se reúnam, louvem a Deus… participem do sacrifício …” (SC 536). Após o Concilio Vaticano II a liturgia se tornou mais participativa, vibrante, compreensiva, porém surgiram desafios: como celebrar a vida tendo uma visão ampla da vida dos fiéis e da comunidade? Como articular numa ação litúrgica fé-vida tendo como orientação fundamental a Mesa da Palavra e da Eucaristia? Como criar Comunhão com todas as expressões comunitária, carismas, pastorais, movimentos que comportam o sentido de pertença como família que se renova em cada celebração? Eis o desafio para nós que estamos num linha de frente em que, nem todos, entraram no espírito das orientações do Concilio. É urgente sermos esse ELO que cresça a consciência de comunhão e participação.
Quarto momento: um estímulo ao uso mais ampliado da Bíblia e formação mais ampliada dos leigos e catequistas
“Os Bispos tem a missão de ensinar a todos os povos e pregar o Evangelho a toda criatura, afim de que os homens todos, pela fé, pelo batismo e pelo cumprimento dos mandamentos, alcancem a salvação” (LG 24; cf Mt28,18).
“Rezando pelo povo e trabalhando, de modo variado e abundante, repartam a plenitude da santidade de Cristo. Pelo ministério da Palavra comunicam aos crentes a força de Deus para a salvação” (LG 64; cf Rm1,16).
O Bispo e o clero são os primeiros responsáveis por zelar pela formação Bíblica, catequética, litúrgica. E, nós Pastorinhas, pela nossa missão de pastoras enviadas a cuidar, zelar de todos aqueles sob nossa responsabilidade temos este mesmo compromisso. Não há outro caminho se não estivermos em Comunhão com as orientações da Igreja. Por isso Pe. Alberione dá como mandato se preparar bem, estudar, aprofundar para que nossa missão seja eficaz e produza frutos, atraindo multidões para conhecer e amar Jesus Bom Pastor e sua proposta de vida. O sonho do Fundador para cada pastorinha é anunciar, testemunhar Jesus nas coisas mais simples, com um zelo apostólico inconfundível aos olhos humanos e acolhidos no coração de Deus.
“Pelo batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no povo de Deus e a seu modo partícipes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão na igreja e no mundo” (LG 76).
Nós Pastorinhas, somos chamadas a ser mulheres consagradas em sintonia com as orientações da Congregação, com a Igreja e com o mundo.
Irmã Maria de Fátima Piai – IJBP